Todas as feridas magoam. Sejam elas físicas, psicológicas ou emocionais...
Também comum a todas elas, por mais pequenas, profundas e recônditas que sejam, deixam uma marca permanente. Que até se pode esquecer até ao momento em que ao espelho:
"Olha, ali estás tu."
Mas antes de haver cicatriz há crosta. Milhões de plaquetas enlaçadas para criar uma camada de tecido que substitua o que foi danificado. Os fumadores e roedores de unhas queixam-se de ter a "fixação oral" de entreter a boca com qualquer coisa.
Nós, como espécie, temos em comum a "fixação dolorosa" de puxar, arranhar e arrancar a crosta das nossas feridas. E volta a sangrar como da primeira vez podendo já ser visível algum do tecido rosado que emergirá da ferida.
É como no livro Fight Club... Lá a personagem Marla e a forma como assombra o narrador leva a que seja descrita como "a arranhadela no céu da boca que sarava se eu parasse de passar lá a língua."
Essa insistência no dano, na vontade de doer só mais um bocadinho, de relembrar como fica a cor do nosso sangue mesclado de lágrimas só prejudica a cicatrização e a futura reabilitação do tecido.
E quando ao espelho vemos a cicatriz que se tornou perene e mais visível como se fosse uma daquelas flores marcadas no corpo que nascem connosco, porque com todo o sofrimento repetido ela metastizou e acastanhou, não vamos falar com uma marca vagamente conhecida mas sim com uma colega de quarto, uma hóspede parasítica:
"Bom dia, parece que vais viver cá muito tempo... Não me dás férias?"
Também comum a todas elas, por mais pequenas, profundas e recônditas que sejam, deixam uma marca permanente. Que até se pode esquecer até ao momento em que ao espelho:
"Olha, ali estás tu."
Mas antes de haver cicatriz há crosta. Milhões de plaquetas enlaçadas para criar uma camada de tecido que substitua o que foi danificado. Os fumadores e roedores de unhas queixam-se de ter a "fixação oral" de entreter a boca com qualquer coisa.
Nós, como espécie, temos em comum a "fixação dolorosa" de puxar, arranhar e arrancar a crosta das nossas feridas. E volta a sangrar como da primeira vez podendo já ser visível algum do tecido rosado que emergirá da ferida.
É como no livro Fight Club... Lá a personagem Marla e a forma como assombra o narrador leva a que seja descrita como "a arranhadela no céu da boca que sarava se eu parasse de passar lá a língua."
Essa insistência no dano, na vontade de doer só mais um bocadinho, de relembrar como fica a cor do nosso sangue mesclado de lágrimas só prejudica a cicatrização e a futura reabilitação do tecido.
E quando ao espelho vemos a cicatriz que se tornou perene e mais visível como se fosse uma daquelas flores marcadas no corpo que nascem connosco, porque com todo o sofrimento repetido ela metastizou e acastanhou, não vamos falar com uma marca vagamente conhecida mas sim com uma colega de quarto, uma hóspede parasítica:
"Bom dia, parece que vais viver cá muito tempo... Não me dás férias?"
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