segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

É por isto que não podemos ter coisas bonitas...

O princípio de não poder ter coisas bonitas já o expliquei, há umas semanas, no excelso Alugo-me para rir:

"Imaginem que têm 4 anos e a vossa mãe tem na mesa da sala uma jarra de cristal que está na família há 50 anos. Vocês, porque são uns pirralhos infernais, encontram maneira de espetar com a jarra no chão.
A vossa mãe, mal conseguindo segurar a vontade que tem de vos esfrangalhar tipo interrogadora inquisitorial, diz uma frase que vos marcará para toda a vida:

"É por isto que não podemos ter coisas bonitas..."

Ou seja. Por vossa causa ela não pode colocar na decoração os elementos que lhe são mais valiosos. Por vossa causa ela não pode ter coisas bonitas que mostrar às amigas."

Este termo, muito útil para mães e pais de todo o mundo levava-nos à vergonha total. Levava à desilusão de sermos uns trapalhões que obrigam à quarentena dos pechisbeques valiosos.
Assim é agora com a aviação...

Quando eu ainda só sonhava com viagens de avião fantasiava com levar um portátil comigo durante a viagem toda a jogar o Flight Simulator enquanto pelo LiveATC.net ia ouvindo as verdadeiras comunicações com a torre do aeroporto onde aterraria. Era um daqueles sonhos cromos a concretizar numa altura em que as viagens de avião fossem uma coisa usual para mim.

Depois vêem os terroristas e f**** tudo.
Nigerian bomber

Agora nada de portáteis, telemóveis, malas ou seja o que for no colo. Só um livrinho e já é bom. No controlo de segurança já não vai faltar muito para sermos vistos em pêlo ou então a ter exames à próstata mesmo ali. Viajar de avião está-se a tornar demasiado stressante principalmente porque somos todos suspeitos, um pouco como nas primeiras lojas chinesas quando eramos literalmente perseguidos pelos donos da loja, quer tivessemos bom ou mau aspecto.

Longe vão os tempos de bocas foleiras às hospedeiras, conversas de pé na coxia e visitas prolongadas à casa-de-banho para um pouco de mile-high sex.

Pilotar um avião continua a ser excitante mas viajar nele, de forma passiva e vulgar, está a acabar com a magia da coisa.
Tirar sapatos, cinto, ser radiografado de forma invasiva e apalpado em sítios dolorosos não vai ajudar em nada.

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