sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Viscera

Há muito tempo que digo que os jogos de computador são o mais próximo que temos de estar dentro de um filme. Ser protagonista de uma história onde salvamos a dama, resgatamos reféns ou somos um destravado narcotraficante milionário.
E desde que saibamos onde está o botão de off e, mais que isso, sejamos capazes de o desligar a qualquer altura não há mal nenhum em desfrutar da nossa temporária divindade feita de pixeis e texturas.
Ainda não joguei Modern Warfare 2 (o meu pc está démodé) mas esta cena, esta porra desta cena, mexe comigo como quando a Noiva do filme Kill Bill esmaga com o pé descalço o olho da Elle Driver.
Dizer que isto faz com que a juventude tenha apetites de homicídio é o mal necessário que já ocorreu com A Laranja Mecânica, Taxi Driver e/ou Assassinos Natos.
Num mundo em que enviamos miúdos de 19 anos para países que nem sabem identificar no mapa para ficarem sem pernas e braços, um jogo de computador, uma peça noticiosa ou um filme são apenas o prelúdio para o mal que nos é inerente.
A arte imita a vida que agora é imitada pela virtualização dos horrores que todos os dias acontecem por todo o lado.
Haver uma reacção visceral de repulsa (ou, deus nos livre, atracção) por uma cena destas só nos prova que estamos vivos. E sabe sempre bem.

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