quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Do poder, da humildade

O tuguinha gosta de dizer aos funcionários públicos que lhes paga o salário.
Todos gostamos de sentir o poder entre as pernas e o tuguinha, que não é sufixado a inha por acaso, precisa de substitutos de poder vários. Um deles é o reforçar que como civil servants (termo inglês que me parece mais carinhoso e humilde que o português) temos de lhe prestar vassalagem porque pronto, ele paga-nos o salário.
A questão aqui é que todos temos um chefe e, ao contrário dos privados, os funcionários públicos não são pagos directamente do bolso do chefe. O dinheiro vem do pote nacional de onde também vêem subsidios de desemprego, bolsas de estudos e abonos de família. Tudo coisas que o tuguinha pode nunca vir a precisar mas está a financiar de qualquer das formas. Portanto o dinheiro que o tuguinha paga para o pote será, num momento de aflição, o dinheiro que pomos nós no pote para ele continuar a comprar os seus fatinhos S com a pequenita gravata a condizer e parzinhos de sapatos Chicco que caem tão bem com os oculinhos coloridos Armani. No fundo somos todos uns amigalhaços que pagamos o salário uns aos outros.

Agora vai um pedaço de sabedoria imorredoira para todos os tuguinhas, tugas e tugões... Quando se entra numa sala cumprimenta-se quem lá está. Seja chefe ou vassalo. Se houver cavalheiros a cumprimentar com a mão tiram-se as luvas. Tudo coisas insignificantes mas que perpetuam a serenidade da nossa sociedade e que mais tarde dão direito a pedir tratamento igual. Dão direito à promoção de tuguinhas a tugas.

Um exemplo prático é não azucrinar o staff de um restaurante, pelo menos até ao final da refeição, porque sabem que eles têm formas "creativas" de acrescentar aroma aos panados, textura ao creme de cogumelos e até sabores ao marisco.

O tuguinha não faz ideia de quantas formas diferentes nós temos de lhe f**** um panado...

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