Sempre gostei muito de escrever mas o tempo e a originalidade nem sempre são as maiores. E se é para fazer uma porcaria qualquer mais vale estar sentado a ler a porcaria escrita por outros.
Ontem apeteceu-me escrever sobre um tema que me é muito querido. A obsessão e o que nos vai n cabeça enquanto somos politicamente correctos.
É o primeiro texto original que coloco aqui portanto é um momento importante! Esta é uma das razões pelas quais este blog foi criado
O beijo
Beijo-te mais uma vez, a despedida.
A tua cara escorre com suor. Mesmo assim os meus lábios tocam a tua face.
Sinto-te infecta, febril, má para a minha saúde. Sinto-me envelhecer, empalidecer e enrugar só de te tocar na cara. Mas não consigo resistir à cor da tua pele, ao comprimento do teu nariz, à cor e tamanho dos teus olhos. Não consigo resistir à doçura dos teus lábios. Não consigo resistir a este magnetismo que nos aproxima de cada vez que nos vemos ou sentimos.
E tu usas-me.
Levas-me a desejar beijar-te, mesmo sabendo que isso iria ser o nosso fim. Obrigas-me a dramatizar este momento que parece tão simples. E sou forçado a pensar na despedida o resto do tempo que falta até te rever. Esse tempo aleatório de quem não tem data marcada para nada. A mesma aleatoriedade que nos fez aproximar, as variáveis que funcionaram a nosso favor e não aproveitamos em tempo devido. Agora vejo-te na rua, a olhar para uma montra insípida – quase tanto como tu – e penso se me devo aproximar ou não. Se a tua respiração faz bem aos meus pulmões… Se a tua pele não me vai queimar a retina… Se a tua boca não irá abrir a minha alma ao meio e sorver toda a alegria que ainda me resta.
E o que sinto é desejo. Só me fazes mal na minha cabeça. A minha mente não consegue processar toda a informação que esse teu corpinho de metro e sessenta me transmite. Também não o faz com o que esse teu coração com pouco mais de vinte anos já me disse. Precisava de séculos para perceber uma só parte do que tu me transmites. Séculos esses que não tens para mim. O teu B.I. engana, a tua idade vai muito à frente das tuas primaveras e não podes esperar pois não há nada mais triste do que uma jovem velha por dentro.
E eu que, tal como tu, ando tão velho e cansado no interior não deixo que o meu corpo aja conforme a idade e deixo-te falar.
Está tudo bem?
O que tens feito?
Respondo ao que me perguntas e assim ficamos. Sem saber bem o que dizer um ao outro enquanto os nossos olhos conversam animadamente sobre as saudades que sentiam. Aí digo-te que tenho algo para fazer, minto claro, e aproximo-me de ti… o calor da tarde não se compara ao calor que envias da tua respiração. Expiras claro. E tudo o que eu queria era que inspirasses ao me aproximar de ti, talvez assim ganhasse a lata para te beijar como deve ser. Fazendo com que os nossos olhos deixassem de namoriscar e se fechassem para darem maior prevalência aos lábios que te contariam todas as histórias que não te posso contar e para as quais não tens paciência nem tempo.
Beijo-te a cara e parto com a promessa de te dar notícias.
Enquanto me afasto de ti sinto o sal do teu suor nos meus lábios… E sinto medo do que poderá correr nesse suor. Se só com palavras me inebriaste nem imagino o que conseguirás fazer com essências e sabores do teu corpo.
Ao me afastar olho para trás e tu ainda lá estás a olhar para a montra. Desvias o olhar na minha direcção mas não esboças nenhum gesto.
E assim continua a nossa vida… Duas almas em locais afastados, a olhar nos olhos uma do outra mas que paradas na mesma direcção não evoluíram. Eu ficaria ali a olhar-te o resto da minha vida mas virei-me e calquei o caminho todo até casa a pensar que tu também o deves ter feito calmamente na tua direcção.
Oposta à minha.
Como sempre o foi.
O beijo
Beijo-te mais uma vez, a despedida.
A tua cara escorre com suor. Mesmo assim os meus lábios tocam a tua face.
Sinto-te infecta, febril, má para a minha saúde. Sinto-me envelhecer, empalidecer e enrugar só de te tocar na cara. Mas não consigo resistir à cor da tua pele, ao comprimento do teu nariz, à cor e tamanho dos teus olhos. Não consigo resistir à doçura dos teus lábios. Não consigo resistir a este magnetismo que nos aproxima de cada vez que nos vemos ou sentimos.
E tu usas-me.
Levas-me a desejar beijar-te, mesmo sabendo que isso iria ser o nosso fim. Obrigas-me a dramatizar este momento que parece tão simples. E sou forçado a pensar na despedida o resto do tempo que falta até te rever. Esse tempo aleatório de quem não tem data marcada para nada. A mesma aleatoriedade que nos fez aproximar, as variáveis que funcionaram a nosso favor e não aproveitamos em tempo devido. Agora vejo-te na rua, a olhar para uma montra insípida – quase tanto como tu – e penso se me devo aproximar ou não. Se a tua respiração faz bem aos meus pulmões… Se a tua pele não me vai queimar a retina… Se a tua boca não irá abrir a minha alma ao meio e sorver toda a alegria que ainda me resta.
E o que sinto é desejo. Só me fazes mal na minha cabeça. A minha mente não consegue processar toda a informação que esse teu corpinho de metro e sessenta me transmite. Também não o faz com o que esse teu coração com pouco mais de vinte anos já me disse. Precisava de séculos para perceber uma só parte do que tu me transmites. Séculos esses que não tens para mim. O teu B.I. engana, a tua idade vai muito à frente das tuas primaveras e não podes esperar pois não há nada mais triste do que uma jovem velha por dentro.
E eu que, tal como tu, ando tão velho e cansado no interior não deixo que o meu corpo aja conforme a idade e deixo-te falar.
Está tudo bem?
O que tens feito?
Respondo ao que me perguntas e assim ficamos. Sem saber bem o que dizer um ao outro enquanto os nossos olhos conversam animadamente sobre as saudades que sentiam. Aí digo-te que tenho algo para fazer, minto claro, e aproximo-me de ti… o calor da tarde não se compara ao calor que envias da tua respiração. Expiras claro. E tudo o que eu queria era que inspirasses ao me aproximar de ti, talvez assim ganhasse a lata para te beijar como deve ser. Fazendo com que os nossos olhos deixassem de namoriscar e se fechassem para darem maior prevalência aos lábios que te contariam todas as histórias que não te posso contar e para as quais não tens paciência nem tempo.
Beijo-te a cara e parto com a promessa de te dar notícias.
Enquanto me afasto de ti sinto o sal do teu suor nos meus lábios… E sinto medo do que poderá correr nesse suor. Se só com palavras me inebriaste nem imagino o que conseguirás fazer com essências e sabores do teu corpo.
Ao me afastar olho para trás e tu ainda lá estás a olhar para a montra. Desvias o olhar na minha direcção mas não esboças nenhum gesto.
E assim continua a nossa vida… Duas almas em locais afastados, a olhar nos olhos uma do outra mas que paradas na mesma direcção não evoluíram. Eu ficaria ali a olhar-te o resto da minha vida mas virei-me e calquei o caminho todo até casa a pensar que tu também o deves ter feito calmamente na tua direcção.
Oposta à minha.
Como sempre o foi.
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