Sábado à noite. Estou meio adormecido à frente do computador a preparar um post aqui para o blog... Levantei-me cedo na manhã anterior e tenho de ir dormir mas não me apetece... Publico o post.
Faço um zapping rápido e paro sem querer na RTP2 que já me habituou à grande qualidade de programação nas noites de fim-de-semana. E aí descubro um dos filmes da minha vida...
Antes do anoitecer é daqueles filmes que vemos com um sorriso parvo nos lábios durante todo o tempo...
A história é muito simples. Há nove anos atrás dois completos estranhos conhecem-se no comboio que liga Budapeste a Viena. Jesse (Ethan Hawke) é um jovem americano e Celine (Julie Delpy) uma jovem francesa, ambos vão conversando sobre as suas perspectivas e opiniões sobre a vida... Dão-se tão bem que acabam por passar a noite num jardim. No dia seguinte de manhã, combinam se encontrar num espaço de 6 meses numa das plataformas da estação de comboios de Viena para reatar o que se viram obrigados a deixar a meio. Este é o argumento de Antes de Amanhecer o primeiro filme desta autêntica saga que foi feito em 1994 pela mesma equipa.
Então 9 anos depois surge Jesse, homem feito, escritor de algum sucesso que está em digressão por várias livrarias europeias e que terminará esta promoção do livro numa intimista livraria parisiense. O livro fala sobre uma misteriosa personagem feminina francesa que o "heroi" do livro conhece num comboio europeu... Escondida numa das partes da livraria aguarda-o Celine que, agora percebemos, falhou o encontro marcado em Viena.
O resto é história que não irei contar por ser obrigatório ver mesmo o filme!
O que posso revelar é que os actores são maiores do que tudo... Ethan Hawke (na minha opinião e em conjunto com Clive Owen e Christian Bale, um dos actores que ascenderá a lenda de hollywood num espaço de 10 a 20 anos...) é desastrado e nervoso no inicio... Esfrega as mãos e não sabe o que dizer nem tirar aquele sorriso idiota de miudo de 16 anos da cara, com o tempo vai tocando timidamente nos braços de Celine, senta-se mais próximo... Vai sorrindo menos e adoptando uma postura mais sedutora. Julie Delpy (uma total desconhecida para mim até este filme) está grande, adulta no inicio mas depressa deixa cair a máscara e mostra que nunca conseguiu apagar da memória a presença de Jesse na sua vida. Ambos interagem com uma naturalidade e cumplicidade que nos perguntamos se não haverá romance entre os dois fora das câmaras... Acho que nunca vi um casal ter tanta química como este.
Nota importante sobre o filme é o facto de este ser feito do diálogo entre os dois. SÓ de diálogo! A nossa posição é a de observadores voyeuristas deste casal vulgar e altamente provável. A câmara ao ombro persegue-os ou segue à sua frente enquanto deambulam pelas ruelas de Paris. A escrita é incrivel... Estamos a ver duas pessoas a falar durante uma hora e vinte minutos e mesmo assim estamos sempre na "ponta da cadeira" à espera do que vão fazer a seguir... É daqueles filmes cuja historia dá uma autêntica lição do que é a humanidade. A cidade luz brilha aqui como nunca a vi antes... Esta pelicula mostra uma cidade longe do rebuliço da Torre Eiffel ou do Louvre... É uma cidade privada e recatada que nos surge no ecran. Este filme prova a minha teoria que os filmes americanos rodados na Europa ganham uma aura invulgar de antiguidade e classicismo que lhes dão maior credibilidade, poesia e sentimento. Vejam Ronin ou V de Vingança por exemplo...
O tempo que passa é o tempo real. A hora e vinte que o filme dura é a hora e vinte que as personagens passam juntas... E mais uma vez Jesse tem partida marcada... Um avião espera-o para o levar de regresso a casa... Será que vai ou fica mais um pouco? Têm de esperar pelo fim do filme para descobrir!
O youtube está recheado de pequenos videos reveladores da história que eu NÃO colocarei aqui para não estragar a surpresa que é ver o filme inteiro sem aldrabices. Se quiserem vê-los façam-no por vossa conta e risco!
Mesmo assim deixo aqui o trailer, completamente livre de spoilers!
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