domingo, 22 de julho de 2007

Estudantes da Guiné revêm a matéria na rua

À medida que a noite cai num dos países mais pobres do mundo o parque de estacionamento do aeroporto internacional G'bessi enche-se de estudantes.Na Guiné-Conacri entrou-se na época de exames e os estudantes agrupam-se todas as noites à volta do aeroporto por este ser um dos unicos sitios onde podem contar com luz artificial.
Este país, antiga colónia francesa, conquistou o lugar número 160 no ranking dos países desenvolvidos feito pelas Nações Unidas. Este estudo avaliou 177 países.

Só certa de um quinto dos 10 milhões de habitantes da Guiné-Conacri têm acesso à electricidade e mesmo esses sofrem com os cortes de electricidade frequentes. Segundo dados das Nações Unidas em média um Guiniense consome 89 kilowatts por hora ao ano. Isto é o equivalente a ter um ar condicionado ligado durante 4 minutos por dia. O americano médio consome cerca de 158 vezes esta quantidade.

Assim sendo, grupos de estudantes começam a chegar ao aeroporto ao final da tarde de forma a reservarem para si os lugares que ficam directamente debaixo de um dos doze postes de iluminação do parque de estacionamento. Alguns destes estudantes caminham mais de uma hora para chegar a este local. Os locais são defenidos por idade. Os alunos dos sete aos nove anos de idade sentam-se num dos separadores de trânsito enquanto que os adolescentes se sentam nos pilares de cimento que ladeiam os passeios à volta do aeroporto. As raparigas têm de ser acompanhadas por um irmão mais velho ou algum homem do sexo masculino de confiança. Mesmo as crianças de tenra idade são autorizadas a estar na rua até largas horas da madrugada. Aqueles que moram mais longe procuram luz nas bombas de gasolina outros no exterior das casas de familias abastadas. Estes alunos consideram-se, ainda assim, uns sortudos.

Ali Mara, dez anos, estudava o diagrama do corpo de um insecto e disse: "Os meus pais não se preocupam comigo porque sabem que estou aqui à procura do meu futuro."

Esta falta de electricidade é um escândalo geológico segundo Michael McGovern, antropologista politico da universidade de Yale. Os rios do país, se devidamente aproveitados, chegariam para electrificar a região. Este país tem ainda ouro, diamantes ferro e metade da reserva mundial de bauxite, o material base para a fabricação de aluminio.

Há já 23 anos que esta ex-colónia francesa está nas mãos de Lansana Conté, um general conservador e temperamental que chegou à presidêncial num golpe de estado em 1984. Ainda este ano várias manifestações a pedir a sua renúncia ao cargo tiveram lugar mas o governo declarou a lei marcial mesmo sabendo que a saúde do general é preocupante e a economia cada vez mais vive uma crise grave.

Encontrei esta noticia no sempre surpreendente blog Nothing to do with Arbroath
Podem ler a noticia original no site do jornal Inglês Guardian

Sem comentários: